A diferença entre os gêneros é uma invenção social, criada por motivos puramente políticos e que é inaceitável nos dias de hoje
A história registra que o modelo de dois sexos em oposição, que infelizmente predomina até hoje, é um fenômeno surgido no final do século XVIII[i]. Até então as diferenças eram puramente anatômicas, ser homem ou mulher era uma condição social e o ser biológico não determinava nada. As diferenças entre os gêneros se davam puramente em grau, não em sua natureza intrínseca. No budismo, a parábola da filha do rei Dragão determina que, para a Lei natural do Universo, ambos os gêneros biológicos são dotados da capacidade latente de atingirem a iluminação e, consequentemente, se tornarem budas.
A filha do rei dragão
A parábola conta a história de um reino no fundo do mar. Comandando esse reino, oito reis dragões coabitavam o mesmo palácio. Um grande bodisatva chamado Manjushri, em visita ao palácio, pregou o Sutra do Lótus motivado pelo desejo de propagar o budismo. Com isso, muitas criaturas se converteram devido a pureza de suas intenções. Um dos reis dragão, Sagaga, tinha uma filha de apenas 8 anos. A criança ouviu atentamente a explanação do Sutra do Lótus de Manjushri e, devido sua integridade e pureza de coração, imediatamente atingiu a iluminação.
O presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda, assim descreveu a filha do rei dragão Sagaga:
Há a filha do rei-dragão Shakatsura (Sagara, em sânscrito) que acaba de completar oito anos. A sabedoria dessa menina é profunda e ela compreende muito bem as atividades principais e as ações dos seres vivos. Ela domina os dharanis, aceitou e abraçou todo o repositório dos profundos segredos pregados pelos budas, entrou em profunda meditação e compreendeu perfeitamente as doutrinas e, no período de um instante, concebeu o desejo por bodhi e atingiu o nível de não-regressão. Sua eloqüência não conhece limites e pensa em todos os seres vivos com benevolência como se fossem seus próprios filhos. Ela é totalmente dotada de benefícios e, quando concebe em mente e expõe em palavras, é sutil, maravilhosa, compreensiva e hábil. É prestativa, benevolente, dócil, gentil e refinada na vontade e capaz de alcançar bodhi. (LS 12, 187.)
É de suma importância destacar que o sábio Shakyamuni realizava suas explanações de forma a atingir o maior número de pessoas e as parábolas era uma delas. A história da iluminação da filha do rei dragão Sagaga, de apenas 8 anos de idade, quer exemplificar que se trata de um feito possível a todos, mulheres e homens, sem distinção. Shakyamuni deixou esse ensinamento em forma de parábola para que as gerações seguintes tomassem-na como base para suas reflexões e decisões futuras.
Missão das mulheres Soka
Embora ainda haja um longo caminho a ser percorrido – a igualdade de gêneros de fato – no budismo Nichiren professado pela Soka Gakkai, o que mais se vê são mulheres cada dia mais empoderadas, seguras e determinadas em obter o êxito em todos os campos de atuação, família, escola, trabalho, sociedade. E isso, sem subjulgar ninguém, atuando ombro a ombro com cada companheiro-parceiro-colaborador, dividindo os créditos de seus feitos com alegria e generosidade, sabendo que ninguém pode ser feliz sozinho e, por isso, encara cada dificuldade com a galhardia de quem sabe o que fazer para conquistar naturalmente seu espaço.
O feito da menina-dragão não é uma conquista meramente individual, demonstra de forma lúdica que todos são capazes de atingir o Estado de Buda na forma em que se encontram. A crença corrente era de que as mulheres não conseguiriam se tornar budas. Para obter tal feito seria necessário viver uma existência exercitando exastivamente o autodomínio, fazendo múltiplas ações beneméritas até a morte. Tudo isso para que renascessem como homens para só então atingirem a iluminação.
Nichiren Daishonin, em pleno século XIII, o buda cujo advento maior foi o de revelar a grandeza e a força do Sutra do Lótus como o mais nobre e poderoso ensino de Shakyamuni e legar o mantra Nam-myoho-renge-kyo para que toda pessoa possa de fato se iluminar e se tornar buda, enfatizou em diversos escritos o valor e a relevância das mulheres para a iluminação dos homens.
Finalmente, em gratidão à conquista da iluminação, a menina-dragão fez seu juramento de propagar a Lei Mística a todas as pessoas e, como ela representa todas as mulheres, essa parábola representa a grandiosa missão do contingente feminino da Soka Gakkai em difundir e propagar o budismo por todo o mundo.
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