Encontro do Núcleo de Estudos de Filosofia e Religião (Nefir) discute as ideias de Hannah Arendt
Debate filosófico é sempre o ponto alto dos encontros do Nefir
A manhã do domingo 19 de maio não poderia ser mais proveitosa. O Núcleo de Estudos de Filosofia e Religião (Nefir), que é parte da Coordenadoria Cultural da BSGI, promoveu uma roda de conversa com o prof. dr. Eduardo Pereira Batista, estudioso da obra de Hannah Arendt e um entusiasta das ideias do presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda. “Arendt nunca citou o budismo em nenhum de seus textos, mas encontrei grandes similaridades com a filosofia em muitas de suas ideias”, enfatizou o palestrante.
“A abordagem que escolhi, ou melhor, que aceitei juntamente ao convite a fim de tratar dessa relação, aponta para a problemática do mal”, explicou. Partindo da proposta de paz de 2015* de autoria do dr. Ikeda, intitulada Compromisso de todos com um Mundo mais Humano: acabar com a miséria da Terra; como apoio e referência, Eduardo utilizou também pontos da obra O julgamento de Eichamnn, de Hannah Arendt, buscando mantes no horizonte a ideia central do Nefir, “iluminar a filosofia com o farol da Cultura Soka”.
Hannah Johanna Arendt, nasceu em Linden, em14 de outubro de 1906 e faleceu em Nova Iorque, EUA em 4 de dezembro de 1975. Pensadora política alemã de origem judaica, é uma das personalidades mais influentes do século XX. Ser mulher e judia na primeira metade do século XX não era para amadores. Foi jornalista, professora universitária e escreveu obras fundamentais para o entendimento do pensamento político. Não se considerava filósofa e sempre buscou se distanciar do termo filosofia política, preferia chamar de teoria política.
Eduardo ressaltou que a História não é contada pelos fatos, mas a partir dos personagens por ela vividos. Arendt escreveu a obra com o propósito de alertar para a questão da banalização do mal. “É a redução do indivíduo à insignificância”, ressalta. Eichmann ao longo de seu julgamento, argumentou que estava senso vítima de uma injustiça já que ele apenas fez o que lhe foi ordenado. Essa ideia de que a “ordem” de um soldado é sua única alternativa simplifica o discurso e busca “coisificar” o indivíduo reduzindo-o a um patamar inferior.
O que o budismo de Nichiren Daishonin enfatiza é exatamente o oposto. A SGI tem como sua premissa básica a valorização do ser humano e o resgate de sua dignidade por meio de ações que reumanizem a política e a economia, gerando uma reação em cadeia do empoderamento.
“O budismo ensina que a mais grave ameaça à dignidade humana é o mal decorrente da ilusão fundamental inerente à vida (...) Trata-se de reduzir a existência de cada indivíduo à insignificância e roubar da vida o seu significado mais essencial. O sr. Toda [2º presidente da Soka Gakkai e mentor de Ikeda] considerava que o que se esconde nas profundezas das armas nucleares é a forma mais extrema do mal”, trecho da proposta de paz de 2015, citada e mais profundamente debatida na roda de conversa.
A discussão que se seguiu alertou sobre as visões de mundo distorcidas que a humanidade parece estar ressuscitando e que devem ser combatidas. A ascensão de governos autoritários e contrários ao que o dr. Ikeda propõe como a criação de uma sociedade global sustentável, é um exemplo deplorável.
A manhã se encerrou com a conclusão dada por Ikeda em seu texto de 2015: “nosso objetivo é fazer do ideal budista de benevolência, o novo elemento filosófico que, a partir de agora, estimulará o espírito solidário necessário para garantir a felicidade e a sobrevivência da humanidade”.
O Núcleo de Estudos de Filosofia e Religiões promove encontros mensais, sempre com temas bastante pertinentes e atuais, abertos a todos os interessados, com o propósito de oferecer reflexão e aprimoramento filosófico a partir dos olhares de grandes pensadores e relacioná-los ao budismo.
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