28 de June de 2022

Por um mundo mais humano, diverso e inclusivo

Em 28 de junho celebra-se o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+

Bela (dir.), e a esposa Ciça, no dia do casamento budista

Bruno (ao fundo de óculos), com a família num dos domingos de daimoku+café budista

Veloz, o mundo se transforma e as múltiplas formas de existir no Universo se expressam e se afirmam dentro da sociedade. A filosofia humanística do budismo Nichiren da Soka Gakkai defende, por princípio, que todas as pessoas devem ter respeitada a sua dignidade, portanto, não cabe qualquer tipo de discriminação ou preconceito. Embora a sociedade ainda não tenha compreensão plena destas diversas formas de expressão, como budistas humanistas, é fundamental refletir sobre o fato de que todos somos budas em potencial e, dessa forma, dignos de toda a consideração.


Na história da humanidade sempre existiu discriminação ao que é diferente, que foge à normalidade ou padrão social. Regimes totalitários, como o nazismo, criminalizaram homossexuais, torturaram, espancaram e assassinaram milhares de pessoas. Somente em 1990 o termo “homossexualismo[i]” foi retirado da lista de doenças da OMS (Organização Mundial da Saúde). Em cerca de 70 países ainda há criminalização e em alguns países até pena de morte para pessoas que se entendam e se expressem como LGBTQIA+[ii]. No dia 28 de junho de 1969 aconteceu uma das mais emblemáticas rebeliões civis da história, que se iniciou no Stonewall, em Greenwich Village, nos EUA[iii], onde esta comunidade lutava e reivindicava seus direitos. Por isso instituiu-se o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ em 28 de junho. Para celebrar a data, convidamos dois membros da BSGI e integrantes desse movimento para nos contar um pouco sobre suas experiências: Izabela Candido e Bruno Melo.


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Izabela ou simplesmente Bela, é administradora, atua no setor de Recursos Humanos em empresa privada multinacional e narra com entusiasmo que, pela primeira vez, foi instituído na empresa um calendário de diversidade e inclusão, com duas palestras educativas para os colaboradores. “Isso para mim indica que estou no caminho certo, aplicando o budismo na minha vida diária”, contou com orgulho.


Para ela, atuar no movimento é viver seu dia-a-dia, sua vida, de forma plena, com toda naturalidade, seja na família, no trabalho, na escola, com os colegas da faculdade quando estudava, com amigos e no núcleo em que participa na BSGI. “Ser quem eu sou, e assumir isso em todos os ambientes foi um progresso ao longo de 20 anos, em que entendi que o amor poderia existir em suas diversas formas, e tentei propagar isso para outras pessoas também, mostrando que o respeito e a luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+ são motivo de orgulho e precisam existir. É importante reconhecer o papel das gerações anteriores que lutaram para que hoje tivéssemos muitas conquistas, embora ainda tenhamos muitos desafios pela frente”, diz Bela.


Por outro lado, ela salienta que vê o ensino budista como um meio de fazer com que o melhor de cada ser humano se manifeste. “Se cada pessoa exercesse isso na sua vida, teríamos uma sociedade de paz”. Diz, ainda, que o meio pelo qual utiliza os ensinamentos é propagando os ideais de forma a proporcionar ao outro a oportunidade de ser feliz, “esse é o ponto chave que todos os nossos mestres na Soka Gakkai nos ensinaram, sermos felizes”.


Conheceu o budismo em fevereiro de 2014 quando conheceu a namorada, que hoje é a sua esposa Cecília, mas foi somente em maio de 2016 que decidiu assumir o compromisso com a própria vida, ou seja, converter-se. “Tive a oportunidade de participar de duas convenções junto ao Grupo Samba da Coordenadoria Cultural, de conhecer o Centro Cultural Campestre, de receber a oportunidade de realizar a minha revolução humana quando assumi a liderança do Núcleo Jovem Feminino em minha localidade e passei a participar da banda musical Asas da Paz Kotekitai do Brasil!”, exclamou Bela.


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Bruno Melo é também graduado em Administração de Empresas e é pós-graduado em Design Instrucional. É também roteirista e escritor. Atua hoje em uma multinacional voltada a auditorias e é voluntário da comissão de Diversidade da empresa. Por conta disso, já realizou palestras em aulas sobre Sustentabilidade, Diversidade e Inclusão de pessoas com foco em vivências em gênero e sexualidade.


“Tenho a boa sorte e o privilégio de fazer parte de uma família biológica, na qual tivemos a comunicação sempre clara. Não precisei ter ‘a conversa’ com meus pais sobre me assumir ou algo do tipo”, conta Bruno. Na adolescência, por volta dos 14 anos, sua mãe conheceu uma namorada que Bruno tinha à época mas tempos depois, aos 16 anos, contou à sua mãe que estava namorando um menino da mesma idade. “Foi bem tranquilo e ela só disse para me cuidar”, contou.


Segundo ele, essa atitude positiva dos seus pais e irmão tem reflexo nele em todas as esferas de convivência, num misto de sentimento de gratidão e união que perdura até hoje. É graças a isso que Bruno integra o movimento LGBTQIA+ com leveza e paz do coração, sem rancor ou traço de revolta.


“Já participei de coletivos, rodas de conversa, palestras, ações culturais na sociedade como voluntário e comunicador em São Paulo e Guarulhos, conhecendo mais a fundo a importância desse movimento social e de contribuir diretamente na sociedade”, explicou. Escreveu, ainda, textos sobre o assunto para redes sociais e para uma agência de publicidade em 2017. Também pode contribuir em ações com amigos que se encontravam no processo de transição de gênero, tendo tido oportunidade de indicar médicos, psicólogos e empresas de empregabilidade para a população Trans.


Durante o ano de 2020, a fim de compartilhar mais vivências de amigos e colegas LGBTQIA+, promoveu lives no seu Instagram em conversas sobre vários temas. Ele ressalta, ainda, que os ideais do Humanismo Soka sempre estiveram presentes em sua vida, por meio das atividades dos Núcleos: Estudantil, Jovem e Universitário, bem como do Coral Esperança do Mundo do qual faz parte. Salienta que se espelha no exemplo vivo do presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda, autor de inúmeros diálogos com pessoas ao longo da história pelo mundo. Diz, por fim, que se mira também nas pessoas veteranas e suas inspiradoras histórias.


Bruno é parte da terceira geração de budistas. Sua avó materna se converteu em 1975. Era mineira “da roça”, segundo ele e veio para São Paulo com seu avô em busca de uma vida melhor. Ela lavava roupas nas casas, no bairro da Penha e ouviu uma senhora recitar o mantra budista. Perguntou que oração era aquela e a dona da casa, ao ouvir sua história e que estava cansada de religiões que não surtiam efeito em sua vida, ensinou-a recitar e a convidou para um encontro budista. Tempos depois, sua avó mudou-se para Guarulhos e parte da família, filhos e netos são também integrantes da BSGI. “Desde 2015, nossa família realiza o daimoku [mantra budista]+café aos domingos, no fim da tarde. Pudemos transformar várias questões individuais e coletivas e, mesmo após o falecimento dela, seu legado continua nos apoiando”, contou.


Bruno faz questão de dizer que se sente privilegiado por ter a oportunidade de nascer numa família tão unida e inclusiva e que se sente agraciado por ser uma pessoa LGBTQIA+. “É algo que, mesmo desafiador, me dá o sentimento de poder contribuir para uma sociedade melhor. É importante ressaltar que nem tudo são flores no que se diz respeito ao movimento LGBTQIA+. Nosso país é o que mais mata pessoas trans no mundo inteiro, sendo sua expectativa de vida em torno dos 35 anos; pessoas bissexuais são as que mais possuem tendências ao suicídio, principalmente os homens; mulheres lésbicas e bissexuais sofrem diversos tipos de violências, sem contar o machismo estrutural em nossa sociedade. Falar sobre esse movimento social é falar de história, de muito esforço, tristezas, alegrias, cultura e política. Por isso cada pessoa é importante, seja ela da comunidade ou não”, finalizou Bruno.


 


 






[i] https://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-brasil/2018/05/termo-homossexualismo-foi-retirado-de-lista-de-doencas-ha-28-anos#:~:text=H%C3%A1%2028%20anos%2C%20a%20Organiza%C3%A7%C3%A3o,Internacional%20de%20Combate%20%C3%A0%20Homofobia.




[ii] https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/dicas/qual-o-significado-da-sigla-lgbtqia




[iii] https://www.politize.com.br/rebeliao-de-stonewall/



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