Aos 71 aos ela representa a terceira geração de praticantes budistas de sua família
Kazuko: “Nunca deixei de orar todos os dias de manhã e à tarde”
Quem iniciou a prática budista na família foi sua avó, Naka, em 1959, ainda no Japão. Kazuko conta que o que a levou à prática foi um problema nos olhos, que logo se resolveu assim que iniciou a orar o mantra Nam-Myoho-Renge-Kyo. Nesse mesmo ano os pais de Kazuko decidiram imigrar para o Brasil levando toda a família e o maior tesouro de todos: o objeto de devoção do budismo Nichiren, o Gohonzon. Devido serem naturais de Hokkaido, a ilha mais ao norte do Japão, escolheram migrar para o Rio Grande do Sul, cientes de que o clima tropical do Brasil seria um grande desafio, daí a escolha pelas temperaturas mais frias do sul do país.
Kazuko estava com 9 anos de idade, era a mais velha de 6 irmãos e se lembra muito bem da convicção de sua avó, embora não fosse a pessoa mais assídua nas orações, mas sua mãe, Nobuko, era devota e disciplinada, orando todos os dias e foi ela quem lhe passou essa rotina da qual ela se afeiçoou e jamais deixou de realizar. São hoje 63 anos de prática budista ininterrupta. “Nunca deixei de orar todos os dias de manhã e à tarde”, contou com orgulho.
Em 1964 a avó, matriarca da família, faleceu e a recém fundada BSGI enviou um jovem líder de Porto Alegre para a cerimônia. Este rapaz incentivou a família a desafiar uma prática sincera e devota por 6 meses a fim de transformar a vida de toda a família. “Meu pai, Kikuji, praticou a vida toda e ajudou dezenas de pessoas a conhecer e praticar o budismo”, ressaltou Kazuko.
Em 1966, quando da segunda visita do presidente Daisaku Ikeda ao Brasil, dois convites chegaram para a família. Esta já vivia em Erechim, no interior do estado do Rio Grande do Sul, em condições bem mais favoráveis. A cidade, na época, era somente um pequeno vilarejo distante 450 km da capital Porto Alegre. Cientes da honra e da oportunidade única, desafiaram e foram a São Paulo para a histórica reunião no Teatro Municipal. Os primeiros membros da BSGI do Rio Grande do Sul a terem essa honra.
Em 1967, apenas um ano depois da épica viagem a São Paulo e o encontro inesquecível com o presidente Ikeda, o pai de Kazuko participou do treinamento do Japão, promovido pela Soka Gakkai. Em 1968 foi a vez de sua mãe e, em 1970, foi a vez dela própria ir à sua terra natal, junto com mais 350 pessoas. Kazuko rememorou que esses episódios marcaram sua vida profundamente, pois à medida que foram vencendo obstáculos, a evolução financeira da família, bem como a harmonia e o desenvolvimento da BSGI local se aprofundaram na mesma proporção.
O ano de 1972 foi marcado por dois acontecimentos: a segunda viagem de seu pai ao Japão e o encontro que mudaria sua vida, com aquele que viria a ser seu marido. Filho de italianos e alemães, chegou a ser seminarista tamanha era sua devoção à religião da família. Kazuko estava então com 22 anos e ele 31. Casaram-se e ele se tornou seu companheiro de vida, incentivando-a e auxiliando-a em todos os momentos.
Um fato marcante que Kazuko relembra com orgulho e saudade foi o encontro com aquela considerada como mãe de toda a BSGI: Silvia Saito. “Eu era líder de comunidade do Núcleo Feminino e lembro perfeitamente das palavras da sra. Saito: ‘independentemente das dificuldades que estejam enfrentando agora, chegará o dia em que todas conquistarão a condição de viajar pelo mundo e viver uma vida plena e tranquila, como resultado da prática da fé e dedicação a felicidade das pessoas”, contou. Quem ouviu essas palavras na época, não tinha a capacidade de compreender a extensão do que havia sido dito e sequer poderiam imaginar o que ela estava falando. Naquela ocasião, as participantes enfrentavam adversidades tão grandes que era difícil para elas imaginar tal transformação e compreender o significado deste incentivo. Mas hoje Kazuko compreende a profundidade deste incentivo pois comprova diariamente, desfrutando de uma vida plena e feliz, ao lado de seus 3 filhos e 5 netos.
O primeiro Gohonzon do Uruguai
A família Kiriyama é considerada pioneira no que refere à prática do budismo de Nichiren Daishonin da Soka Gakkai e é também a memória viva da BSGI no estado do Rio Grande do Sul.
No final da década de 1960 o pai de Kazuko, Kikuji, recebeu da BSGI uma solicitação: visitar uma família japonesa membro da Soka Gakkai recém imigrada ao Uruguai e realizar a consagração do Gohonzon desta família. Kazuko conta que seu pai, sem hesitar um instante sequer, recebeu a solicitação e imediatamente se preparou para cumprir a missão, com o sentimento mais profundo de sincera devoção e gratidão.
Nessa primeira viagem ao Uruguai, Kikuchi pode contatar outros membros dessa família que haviam imigrado há alguns anos. Em conversa com essas pessoas, incentivou-os e explicou-lhes o que é o budismo Nichiren. Ao final desse diálogo, foi surpreendido com a notícia de que estes também desejavam abraçar a prática do Budismo.
Assim, decidido a possibilitar que aquela família também conseguisse transformar sua vida por meio da prática budista, Kikuji retornou do Uruguai a Erechim (mais de 600km) e de lá viajou para São Paulo, com o objetivo de obter o objeto de devoção para aquelas pessoas. De posse do valioso objeto, viajou novamente para o Uruguai e realizou a cerimônia de concessão no Uruguai. Foi a primeira cerimônia de concessão de Gohonzon naquele país e consta nos anais da história da SGI uruguaia.
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