Encontro da BSGI com tradução em Libras
É quase um bailado de mãos. O suave deslizar de dedos, palmas, punhos e braços são acompanhados de trejeitos faciais que evidenciam a comunicação. Quem já assistiu a um intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais) em ação sabe do que se trata. Desde julho de 2011, a BSGI vem realizando encontros mensais para surdos, aberta a todos os interessados em conhecer melhor a filosofia humanista. E em janeiro deste ano, o grupo foi oficializado como membro da Coordenadoria Cultural da BSGI. O último encontro foi realizado no início de julho, na Sede Regional da BSGI da Zona Norte, da capital paulista.
Segundo um dos coordenadores destes encontros, Alexandre Murayama, “iniciativa partiu dos líderes da Zona Norte, devido a participação de um integrante do núcleo de jovens, Haroldo Willian Pedreira, que havia se mudado para a nossa região. Ao final de uma reunião de chakubuku, quando tentamos dialogar com ele, percebemos que era surdo”.
O questionamento de Haroldo e seu interesse crescente impulsionou Alexandre e os demais a promoverem encontros com a tradução em libras, voltado especificamente aos associados surdos. Foi então que em 3 de julho de 2011 deu-se o primeiro encontro mensal, sempre com a participação de voluntários para interpretar em libras. “Dois jovens surdos e seus familiares nos acompanham desde o início, sendo que a família da Larissa Midori Araki, de Mauá, nunca faltou desde sua primeira participação, mesmo enfrentando a distância do local”, conta o coordenador. Por causa dessa demonstração de interesse por parte desta família, o grupo já estuda a possibilidade de realizar uma das reuniões em Mauá.
O mundo em gestos
Desde que a civilização como nós a conhecemos se estabeleceu, as línguas de sinais têm sido os idiomas naturais dos surdos. Cada cultura possui a sua e por isso, quando se pretende ensinar conceitos que não existem naturalmente em determinadas culturas é necessário estabelecerem-se determinadas convenções.
No caso do estudo da filosofia humanística do budismo Nitiren, as intérpretes depararam-se com o seguinte dilema: como explicar para os surdos utilizando o idioma Libras? “Pois se nem as intérpretes, nem o próprio idioma Libras possui sinais para os termos budistas”, explica Alexandre.
Devido a isso, a direção da BSGI, preocupada em resolver o problema, trouxe do Japão uma apostila de sinais específica para o ensino da filosofia pela Soka Gakkai Internacional (SGI). Este material foi traduzido pelo grupo de tradutores e é o material utilizado pelas intérpretes. E o coordenador Alexandre tem grandes ambições. “O próximo passo será realizar uma vídeo-conferência ou solicitar a gravação em vídeo de como publicar os sinais, para manter a originalidade”, conta ele. A partir daí o grupo poderá produzir materiais de apoio como vídeos, links no portal da BSGI na internet para que grupos ou pessoas de outros locais possam ter acesso ao material e promover o seu próprio encontro em libras.
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