As flores de cerejeiras exultam na primavera e simbolizam o desabrochar de uma nova era
Cerca de 12 milhões de pessoas – de todas as etnias, culturas e origens – em cada canto do globo vivem e vivenciam um ideal que iniciou-se há 83 anos, com a publicação de um livro, Sistema Pedagógico de Criação de Valor (Soka Kyoikugaku Taikei), em 18 de novembro de 1930. Sem saber o professor e autor da obra, Tsunessaburo Makiguti, iniciaria um movimento que se tornaria mundial em algumas décadas: a Soka Gakkai, ou traduzindo, Sociedade para a Criação de Valores. Porém, o aparentemente simples ato de publicar o livro, tinha por trás uma resoluta decisão: mudar a educação de todo um país.
Não por meio de lutas armadas, ou por discursos inflamados e violentos, mas pela mudança de cada indivíduo, a partir de seu âmago. O professor Makiguti fez nascer no coração de seus companheiros, a chama de um ideal. O Japão da década de 1930 vivia em meio ao ufanismo expansionista militar e o sistema educacional do país fora engajado nos esforços de guerra, doutrinando jovens e tenras mentes para o conflito que se iniciaria. Durante o período de aulas e sem distinção de gênero, crianças pequenas de 5 e 6 anos foram ensinadas a montar e desmontar armas; garotos de 7 a 11 anos eram ensinados a lutar com bastões; e, jovens armados ou não, lutavam entre si simulando combates.
Revoltado com essa afronta aos princípios humanistas, Makiguti escreveu o Sistema Pedagógico de Criação de Valor embasado nas mais importantes e modernas teorias de valor da época. Inspirava-se principalmente em John Dewey. Este filósofo estadunidense defendia a democracia e a liberdade de pensamento como instrumentos para a manutenção emocional e intelectual das crianças. Tal pensamento foi enriquecido pelas bases filosóficas humanistas do budismo Nitiren e deram à recém criada Sociedade, o fundamento para expandir-se.
Assim começam as revoluções. A partir de uma fagulha, labaredas de paixão idealista se disseminam e produzem movimentos. A história da civilização é repleta destes relatos. A grande diferença do movimento que Makiguti acendeu, é a forma como vem sendo conduzida desde o início. A partir da paz, tendo o diálogo caloroso como meio de expandir seus princípios.
Na história da humanidade, nunca houve um movimento como o que a Soka Gakkai vem empreendendo há mais de oito décadas. Todos os demais tiveram suas histórias marcadas por revoltas, violência e sangue derramado. A revolução humana de cada indivíduo da Soka Gakkai, pelo contrário, é marcada pela benevolência, compreensão e solidariedade.
Muitos podem considerar exagero denominar como revolução o movimento humanista da Soka Gakkai, porém, de acordo com os historiadores, o termo revolução refere-se a toda e qualquer transformação radical que atinja drasticamente os mais variados aspectos da vida de uma sociedade.
A organização criada por Makiguti já contava com centenas de associados quando a guerra chegou. Em 1940 atingira o número de 500 famílias, e Makiguti foi nomeado presidente e seu discípulo Jossei Toda, diretor-geral. A Segunda Guerra Mundial começara oficialmente em 1939, quando da invasão da Polônia pelos nazistas. E, na Ásia, tropas do Japão invadiram a China e a Coréia.
Inconformado, o educador sofria pois sabia que seus alunos seriam seriamente prejudicados pela guerra. Ao observar o desenrolar dos acontecimentos, Makiguti criticou abertamente a política do governo japonês de unificar todos os ensinos ao xintoísmo, religião oficial do governo. Por se recusar a acatar esta imposição, presidente e diretor-geral da Soka Gakkai foram detidos e conduzidos à prisão. Em decorrência dos maus tratos, fome e condições precárias do cárcere, o grande educador Tsunessaburo Makiguti faleceu na prisão, sincronicamente, no dia 18 de novembro de 1944, aos 73 anos.
Mas deixou seu legado a Jossei Toda. Em julho do ano seguinte, ao deixar a prisão, um pobre e debilitado Toda decide reerguer as bases da Sociedade e torná-la universal. Dentro daquele corpo frágil e débil, ardia uma impressionante chama pela paz. A grandiosidade do discípulo foi tamanha que em pouco mais de 12 anos, a Soka Gakkai já computava centenas de milhares de associados em todo o Japão.
Em 1958, aquela chama aparentemente inexaurível, apagou-se com a morte de Jossei Toda. Porém, ao longo dos 12 anos em que dedicou-se a reerguer a Soka Gakkai, ele treinou um sucessor: Daisaku Ikeda, e delegou-lhe o mundo como palco. Foi dessa forma que em 1960, um jovem de 32 anos assumiu a liderança do movimento que hoje está presente em 192 países e territórios, com cerca de 12 milhões de associados em todo o mundo, sempre inspirados pela essência do ideal de Makiguti: “O mal conspira e se propaga. Se o bem se isolar do mundo, a sociedade fica cinzenta e inquietante. É o bem que deve se unir!”.
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