“Oh! Mãe! Com seu ideal e sagacidade, deseja a primavera sobre a Terra e que se toque a melodia da paz. Nesse momento você será a mãe do século da Humanidade!”
(Daisaku Ikeda em Cantos do Meu Coração – fragmentos do poema “Mãe”)
Ao longo da história da humanidade, diferentes pensadores vêm cultivando e registrando culturas e conhecimentos de diversos tipos. Poucos são os que dedicam-se a louvar e engrandecer o conhecimento oriundo da sabedoria feminina. Em suas mais de seis décadas na liderança da SGI, o dr. Daisaku Ikeda é um desses pensadores. Em suas mensagens, artigos e ensaios, ele reitera sobre a importância da mulher à frente das soluções para os problemas globais.
Em um de seus mais clássicos poemas, a canção Mãe, ele enaltece a sabedoria, a benevolência e o amor pela humanidade das mulheres. Ikeda compôs esse poema inspirado em sua mãe, Iti, sobre quem ele conta, emocionado, uma passagem que o marcou profundamente, em sua juventude.
A Segunda Guerra Mundial já estava com os dias contados, mas poucos no Japão sabiam disso, devido a propaganda oficial que enaltecia as qualidades das suas tropas no exterior e pouco se referia às perdas e baixas. As famílias que recebiam as notícias de falecimento de seus membros eram as que punham dúvidas quanto à vitória do “império do Sol Nascente”. Uma dessas famílias foi a do então jovem Ikeda. Foi em uma tarde como tantas que ele já presenciara, que ele viu um jovem oficial entregar à sua mãe, uma urna contendo as cinzas de seu irmão mais velho, morto em combate. Uma tristeza insuportável atingiu-o direto no peito. A dor era tamanha que seus olhos encheram-se de lágrimas amargas e ácidas. Um ódio irracional foi tomando seu ser e ele teve vontade de gritar. Subitamente sua mãe virou-se para ele e, com a face pesarosa, mas serena e doce, disse suave mas firmemente que diante das cinzas de seu filho, iria dedicar sua vida à paz, para que nunca mais nenhuma pessoa precisasse passar por tal sofrimento. Suas palavras calaram fundo no jovem coração ressequido de Daisaku. Aquele garoto tornou-se, duas décadas depois, no mais pragmático combatente pela paz da História das civilizações, graças à dignidade e sabedoria de sua nobre mãe.
Em sua proposta de paz de 2012, Compartilhar o Direito pela Dignidade da Vida, ele redigiu um capítulo inteiro denominado “Esperança na Mulher”. Ikeda abre este trecho enaltecendo o papel da mulher diante das tragédias, como a ocorrida em 2011, na província da Fukushima:
“Em resposta aos desastres e ‘perigos da privação repentina’, é essencial atender à situação de cada um. Ao mesmo tempo, é imprescindível empoderar as pessoas para transformar suas próprias circunstâncias. É neste ponto que o papel da mulher é indispensável. Em termos de desastres naturais, estudos indicam que a mulher é mais propensa a morrer do que o homem. E esta tendência aumenta com as dimensões da tragédia. Quando ocorre uma catástrofe, a mulher, além de suportar um fardo desproporcional das privações, tem seus direitos humanos e sua dignidade expostos a graves ameaças. (..) É evidente que é preciso enfatizar as habilidades da mulher para contribuir no alívio e na reconstrução, e levá-las em conta no enfrentamento dessas adversidades”.
O dr. Ikeda enfatiza ainda sobre a necessidade de se ‘empoderar’ a mulher como agente de mudança eficaz nas áreas de prevenção do risco de desastres, recuperação e reconstrução. “Suas capacidades devem ser reconhecidas para resolução de conflitos, prevenção e construção de uma cultura de paz. É intolerável que a mulher continue a suportar o fardo mais pesado. (..) A SGI trabalha pela conscientização do papel central da mulher para uma cultura de paz, e promove, localmente, maior consciência sobre as contribuições da mulher em relação às catástrofes”, conclui.
Para Ikeda, agora é o momento para se colocar em prática essas sabedorias pela causa da resolução de problemas enfrentados no mundo inteiro. A única maneira de fazer isso é criar solidariedade ampla transcendendo as diferenças étnicas, religiosas e ideológicas. Budismo define diante um modo de vida que supera obsessões com as diferenças e visa promover a paz e a felicidade para a sociedade como um todo.