Mesa discutiu uma nova educação focada no compartilhamento
Não há como pensar em sustentabilidade sem repensar a educação. Esse foi o tema principal da mesa interdisciplinar de debates, O Futuro, Nós Criamos, promovida pela Soka Gakkai Internacional (SGI), na Rio+20, na última quarta-feira, 20, no RioCentro.
O evento reuniu especialistas de várias frentes que discutiram formas de empoderamento com base na educação para o desenvolvimento sustentável. Seis palestrantes expuseram suas considerações: Pam Puntenney, presidente adjunta da CSD Caucus Educacional (entidade da ONU); Kartikeya Sarabhai, diretor do Centro de Educação Ambiental (CEE), instituição apoiada pelo governo da Índia; Frank Elbers, diretor executivo da ONG holandesa Human Rights Education Associates (HREA); Sergio Duarte, diplomata que foi o responsável pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Assuntos de Desarmamento; Joaquin Costanzo, diretor regional da agência norte-americana de notícias Inter Press Service; e Akira Tanaka, diretor do Centro de Projetos e Estudos Ambientais da Amazônia (Cepeam), da BSGI. A mediação foi de Hiroyuki Sakurai, diretor da SGI, do Departamento de Comunicação com a ONU.
A representante da CSD Caucus, Pam Puntenney, abriu a rodada ressaltando a importância de se criar uma nova concepção de educação, focada em troca e partilhamento, deixando de lado o método tradicional. Concorda com ela, o indiano Kartikeya Sarabhai, que enfatizou também a necessidade de posicionamento crítico quanto aos modelos educacionais vigentes. Ele apontou o respeito às características de cada local como um dos meios de se chegar a um modelo pedagógico ideal.
“Não se pode mais simplesmente sentar e aceitar os sistemas vigentes é preciso urgentemente questionar a validade dos mesmos”, explicou o indiano. Frank Elbers, da ONG holandesa, abordou o tema dos direitos humanos. Segundo ele os movimentos sociais criam consciência para a questão. Clamou por uma educação voltada aos direitos humanos, para a promoção da sustentabilidade.
O ponto alto do evento foi o relato de atividades pelo diretor do Cepeam da BSGI, Akira Tanaka. O Centro dedica-se com excelência à promoção de uma educação voltada à sustentabilidade. “Decidimos provar que era possível restaurar a floresta amazônica por meio de esforços humanos. Plantamos cerca de 60 espécies – aproximadamente 20 mil mudas, a fim de recuperar a biodiversidade da floresta. Isto levou à certificação Reserva Particular do Patrimônio Natural pelo Governo Federal do Brasil em 1995”, comemora Tanaka.
A partir disso, e com base nos princípios da Agenda 21 – Refletir, Empoderar, Capacitar – o Cepeam vem desenvolvendo inúmeras ações voltadas pragmaticamente à educação para o desenvolvimento sustentável. “Há algo que eu venho transmitindo aos alunos que visitam o Centro. É o fato de que o meio ambiente da Amazônia pode ser reforçado com cuidado humano adequado. Há 17 anos plantamos as sementes. Hoje, essas sementes resultaram em grandes árvores, que deram frutos, pela primeira vez este mês”, descreve.
O diretor do Cepeam ressalta que há uma grande surpresa em meio aos alunos ao serem informados desse fato. Não há na região amazônica uma cultura geral de se plantar árvores, devido a falsa concepção de que a floresta por ser imensa, é infinita. Daí a necessidade de mostrar que é possível recuperar a mata que foi degradada. Para tornar efetiva a capacitação, em cooperação com a Secretaria do Estado de Educação do Amazonas, o Cepeam tem planos para eleger representantes de várias escolas como “agentes ambientais”. Estes alunos vão aprender com especialistas sobre as várias possibilidades de preservação e manutenção ambientais, e se tornarem multiplicadores.
A mesa de debates encerrou com uma rodada de perguntas e respostas e o compromisso de todos os presentes em redobrar esforços para a continuidade efetiva do processo educativo para a sustentabilidade.
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