08 de March de 2024

A história de coragem e pioneirismo de Thaís

Ela é engenheira civil e vem sendo o grande agente de transformações em seu local de trabalho

Profissão tradicionalmente desenvolvida majoritariamente por homens no Brasil, a Engenharia Civil vem gradualmente recebendo reforços femininos ao longo dos anos, segundo o Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (Confea). Porém, o percentual de engenheiros registrados no país ainda é menor que 20% do total (19,3%). Thaís é uma dessas mulheres pioneiras, membro da BSGI desde o nascimento e funcionária de uma das empresas que trabalham no cais do maior porto da América Latina na cidade de Santos, litoral do estado de São Paulo. Homenageando todas as mulheres nesse 8 de março, contamos a história de coragem e pioneirismo de Thaís Kojima Miranda.


Ela não é apenas funcionária, mas uma das pessoas mais influentes no que se refere à movimentação das centenas de milhares de contêineres que atracam no local semanalmente. “O core business da empresa em que trabalho é movimentar conteúdos, sempre trabalhei para garantir pelo lado da infraestrutura, que existem condições seguras para que possamos operar”, explicou. Esse trabalho inclui estar totalmente envolvido em cada operação e seguir ações que nos possibilitem inovar e aprimorar os processos.


“Um dos exemplos foi a capacitação do cais para receber o maior navio do porto de Santos. Foram ações que levaram 5 anos, desde a análise estrutural do cais, até a compra a troca de defesas [i] ”, ressaltou. No momento, Thaís está envolvida com os projetos de expansão. Sua rotina é gerenciar, controlar e garantir que as empresas contratadas para fazerem parte da expansão o façam com excelência e atendendo às normas vigentes. “A empresa em que trabalho é uma joint venture [ii] entre dois acionistas igualitários, e rotineiramente faz parte da minha atividade buscar a conciliação do tempo técnico de ambos os acionistas para decisões estratégicas.


A mãe de Maithe Masami e Maya Hiromi vem se empenhando para ser, não apenas um exemplo para suas filhas, mas uma pioneira na área para muitas outras mulheres que ousam desafiar a sociedade e ocupar seus lugares num mundo majoritariamente masculino.


Embora tenha nascido em um lar budista, só despertou para a prática aos 14 anos, quando do pai dos pais, devido ao grande sofrimento decorrente desse fato. A engenharia foi uma escolha óbvia, já que a mãe era professora de Matemática e ela sempre teve uma queda pelas disciplinas de exatas. Após a graduação em 2006, melhorou-se a pós em Gestão de Projetos, finda em 2008 e a segunda pós, mais recentemente e ainda em curso, em Engenharia de Confiabilidade. “Minhas filhas com 4 e 1 ano, me inspiram para vencer. Sim, tento ser uma mãe melhor todos os dias, o que é um grande desafio romper com ciclos e tentar criar-las de uma forma diferente da qual fui criada”, contou a mamãe coruja.


Thais enfatiza que o budismo a inspira em todos os momentos. “É preciso ter sabedoria para poder fazer o melhor diante das minhas capacidades. No trabalho tento sempre agregar os grupos, ouvir as pessoas, a ajudar quem precisa, não importa quem seja. Na minha família, tento constantemente passar para minhas filhas a importância de serem pessoas de valor, que possam ser pessoas de bem. Nos meus grupos sociais busco ser também uma pessoa que agrega”, relatou.


Sua grande conquista obtida por meio da prática budista foi no trabalho. Após voltar da segunda licença maternidade, percebeu que tinha perdido um espaço precioso, que levara anos para conquistar. “Trabalho num ambiente extremamente machista, por muito tempo sempre fui a única mulher em muitas reuniões. Assim, por diversas vezes, pensei em desistir e mudar de profissão ou emprego”, confessou. Mas isso mudou quando assistiu a uma palestra num evento do Dia Internacional da Mulher, promovido pela empresa em que trabalha. “Discorreram sobre a baixa presença das mulheres no ambiente portuário, e da necessidade de crescermos e abrirmos espaço para outras”. Foi nesse momento que Thaís compreendeu a enormidade de sua missão: abrir caminho para gerações de novas profissionais.


“Entendi que não era somente por mim que eu deveria perseverar, e sim por todas as outras que poderiam vir depois. Desta forma fui seguindo, fazendo o meu trabalho todos os dias, da melhor forma que poderia. Em alguns meses a situação foi mudando, e devido a mudanças na estrutura retomei parte do meu espaço, e na sequência pudemos ter a contratação de mais mulheres no setor”, contou exultante. E sua intuição quanto à missão estava certa: nesta época também teve a oportunidade de representar a empresa num workshop técnico em Genebra, na Suíça. “Foi a primeira vez que pisei no continente europeu, e com o apoio do meu marido e família consegui viajar com tranquilidade e cumprir o meu papel”, contou com a modéstia que lhe é peculiar.


Outra: bem recentemente foi convidada a fazer parte do time de instrutoras do programa de capacitação de mulheres da comunidade. Posteriormente, se possível, podem vir a serem aproveitadas como mão de obra. Este programa envolve palestras e um curso no SENAI. Mais de mil mulheres se inscreveram para 80 vagas. “Esta para mim foi outra grande vitória, pois no final do ano passado questionei o RH por meio de um programa de Ouvidoria, quando viria um programa para capacitar mulheres para que elas pudessem se candidatar a vagas na empresa”, exultou novamente.


“Aprendi com o saudoso mestre fundador da SGI, o dr. Daisaku Ikeda, a importância de estudar idiomas e utilizar nossa profissão para o bem das pessoas. E hoje sinto que tenho conseguido fazer isso. Tenho muita gratidão pelo emprego que tenho, pois me possibilita realizar este propósito. Sei que tenho inúmeros desafios, mas a cada dia me esforço mais e mais para vencer os desafios”, finalizou Thaís.


 


 


 






[i] As defesas marítimas são importantes para portos e instalações portuárias, pois garantem a proteção entre a estrutura de atração e o navio.




[ii] associação de sociedades, sem caráter definitivo, para a realização de determinado empreendimento comercial, dividindo as suas obrigações, lucros e responsabilidades; consórcio.


 



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